O conceito de cultura,
atualmente, faz referência a tudo o que se pode absorver de uma sociedade em
questão, desde a música, dança e culinária, até superstições e modos de pensar
e agir.
Na metade do século XVIII,
intelectuais europeus separaram a cultura em dois polos: cultura popular e
cultura erudita. A cultura popular provém do povo e tem como base a oralidade,
composta por ritmo, repetições e mágica (não é exata). Já a cultura erudita é
representada, em sua maioria, pela elite (detentores de dinheiro e saber
científico) e é baseada na escrita, que fixa a história em tempo e espaço.
Petrônio Domingues afirma
que as distinções entre os polos da cultura são permeáveis, podendo ocorrer
hibridismos, e interdependentes entre si. O autor também explica que ambos
estão em constante movimento, sofrendo ajustes, desajustes e reajustes a todo
momento.
No filme “Narradores de
Javé”, por exemplo, o vilarejo, que funciona apenas com o uso da oralidade,
está prestes a ser inundado pela construção de uma usina hidrelétrica. Para que
isto não aconteça, é preciso escrever “cientificamente” história do local,
colocando no papel as múltiplas memórias dos moradores e, assim, transformar
Javé em patrimônio histórico a ser preservado.
O filme, portanto, demonstra
a interligação entre as culturas, na qual a oral teve de ceder à escrita para
garantir sua existência.
Glaucia Neix - aluna do Bacharelado de Ciências e Humanidades da Universidade federal do ABC
Bruno Correa - aluno do Bacharelado de Ciências e Humanidades da Universidade Federal do ABC
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